
Seiji Seron Miyakawa*
RESUMO
O presente artigo versa sobre a consistência entre as categorias de Dialética da dependência, de Ruy Mauro Marini, e a teoria do valor de Marx. Argumentar-se-á que: i) as análises das transferências internacionais de valor precisam abarcar as diferenças de produtividade e de composição orgânica entre capitais individuais, pois a produtividade dos países dependentes pode ser maior que a dos centrais em ramos cujos produtos compõem a pauta exportadora do país dependente; ii) seria preferível que a definição de superexploração enfocasse mais o nexo entre a maior exploração física dos trabalhadores dos países dependentes e a menor incidência do progresso técnico nas economias de tais países, e não tanto relação quantitativa entre os salários o valor “normal” da força de trabalho dos trabalhadores destes mesmos países; e iii) a crescente diversidade e complexidade das formações econômico-sociais cuja posição internacional não é tipicamente central nem periférica seria melhor captada por meio de uma categoria que não atribua a estas formações um caráter “imperialista”, ainda que atenuado pelo prefixo “sub”, e que não se defina a partir de características específicas do Brasil dos militares. A teoria da dependência se torna mais rigorosa e se desembaraça de modo mais explicito das teorias tradicionais acerca do subdesenvolvimento quando as leis particulares do capitalismo dependente são entendidas não como distintas das, e “complementares” às, leis gerais do modo de produção capitalista, e sim como as mesmas leis gerais sob o predomínio do momento negativamente determinado da dialética. O artigo tenciona seguir o exemplo de Marini em relação ao respeito ao rigor teórico-metodológico da crítica da economia política.
Palavras-chave: Ruy Mauro Marini; Teoria Marxista da Dependência; troca desigual; superexploração; subimperialismo.
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