A águila e suas garras: EUA, Chomsky e Nicarágua. Michel Justamand.

Michel Justamand*

Resumo **

Derecha: Noam Chomsky

Historicamente, os EUA não costumam perder nas decisões dos organismos internacionais, nem tampouco serem condenados por suas infrações. Contudo, especificamente numa disputa com a Nicarágua, os estadunidenses perderam e foram obrigados a pagar indenização pelos danos causados. Noam Chomsky, a partir de fatos históricos, apresenta o caso singular da Nicarágua, que venceu os EUA junto à ONU de modo inédito, como exemplo contra toda forma de imperialismo nazista. Neste artigo, pretende-se abordar questões relativas a este fato. Refletir sobre alguns antecedentes históricos do caso,  por que, na verdade, a Nicarágua foi perseguida. Buscamos ainda mostrar que os EUA tentaram neutralizar o exemplo sandinista que poderia servir para outros países. Preocupamo-nos em apresentar os possíveis pagadores da intervenção imperialista estadunidense na Nicarágua. E procurou-se ainda apresentar alguns exemplos deixados pelos sandinistas que podem ser seguidos por outros povos e grupos em todo o mundo.

 

Introdução

 

 

Pretende-se, neste artigo, apresentar a questão da invasão da Nicarágua e suas consequências para o país invadido e também para a política externa dos Estados Unidos da América (EUA), o império invasor. Quer-se dialogar com seus atores, insurgentes sandinistas, os contras, o governo de Ronald Reagan e outros, a população em geral e os indígenas envolvidos nessas investidas do grande capital em terras já muito devastadas pelos conquistadores anteriores. Tal diálogo realizar-se-á por meio dos textos (livros autorais, artigos em coletâneas e entrevistas concedidas aos mais diferentes meios de comunicação) de Noam Chomsky, que é um dos maiores contestadores das políticas externas (sejam elas econômicas, sociais, militares e ou culturais) dos EUA. Com suas obras e artigos contestadores reconhecidos internacionalmente.

 

 

Autor conhecido e reconhecido internacionalmente por ter o intuito e o interesse intelectual em apresentar as verdades a respeito dos projetos estadunidenses para o mundo. Sempre disposto a conceder entrevistas a todas as formas midiáticas e a todos os países, onde relata as desmedidas dos governos dos EUA. Entre as muitas entrevistas, uma delas, é a de 22 de setembro de 2001 para o jornal Folha de São Paulo, em que Chomsky trata, entre outros assuntos, do caso da Nicarágua. O entrevistado lembra que os EUA foram considerados culpados por uso ilegal da força nesse país centro-americano.

 

 

Desde a década de 1960, Chomsky se dispõe a informar àqueles que desejarem a respeito da ameaça que é a política externa dos EUA para o mundo. Faz isso apresentando detalhes dessa política independentemente de momentos históricos de grandes conturbações mundiais, como os da Guerra Fria, por exemplo. Ou das relações internacionais em que os EUA tentam, na maioria das vezes conseguindo, impor seus desejos e interesses sobre os países indefesos e dar assim o exemplo para os outros.

 

 

Pretende-se ainda, com o artigo, mostrar que é possível, ou que se deva ao menos tentar, derrubar o grande império “nazista” atual, como lembra Chomsky, por diversas vezes em seus escritos e em entrevistas, nas instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU). Em O Império Americano: hegemonia ou sobrevivência faz diversas comparações dos atos políticos nacionais e ou internacionais dos EUA com os da Alemanha nazista, entre os anos de 1933 a 1945 (CHOMSKY, 2004, p. 72 e 75). Também compara a medida antiterror dos EUA com as ações dos nazistas (CHOMSKY, 1996-a, p. 116). Salienta as relações amigáveis entre os governos dos EUA e os nazistas, no período anterior a entrada estadunidense na Segunda Guerra Mundial, oficialmente em 1941. Expõe também que muitas grandes empresas do país anglo-saxão, na América do Norte, tinham interesse direto na máquina de guerra construída pelos nazistas (IDEM, p. 59)

 

 

Para tanto, o presente artigo estará dividido nas seguintes partes: 1 – Antecedentes Históricos; 2 – Por que as garras do Império recaíram sobre a Nicarágua?; 3 – Quem vai pagar por isso?; 4 – Exemplos a serem seguidos por todos (considerações finais).

 

 

 

1 – Antecedentes Históricos


Noam Chomsky relata que, desde a fundação da Nação estadunidense, buscam-se formas de manipular as mentes da maioria da população, para, entre outros propósitos, esconder a sua própria História. Assim, tenta-se arregimentar as mentes, como os exércitos fazem com os corpos, sempre em consonância com a ideia de que isso é essencial para o regime democrático, do qual os EUA são os principais mantenedores e divulgadores.

 

 

Chomsky não deixa de sublinhar que o principal promotor da Convenção Constitucional, James Madison, proferiu em seus discursos que é de responsabilidade do governo proteger os interesses da minoria dos abastados contra a maioria. De qualquer forma, Madison, como era astuto, reconheceu que esse aspecto (CHOMSKY, 1996-a, p. 57) governamental seria um problema para a recém-criada democracia americana, como para qualquer outra o é (CHOMSKY, s/data, p. 13).

 

 

A Nicarágua tem um caso em particular com os EUA que remonta ao século XIX. Já em 1854, os Estados Unidos, com sua marinha, destruiu uma cidade costeira nicaraguense. E o motivo que na época justificou tal vingança foi um alegado insulto feito aos oficiais do “império do medo (EUA)” e também ao milionário estadunidense Cornelius Vanderbilt. Assim, afirma Chomsky, torturar a Nicarágua é um ritual antigo (CHOMSKY, 1996-a, p. 172).

 

 

Em nome da promoção da democracia no continente americano, já no início do século passado, os EUA promoveram uma série de intervenções militares na América Central, entre elas está o caso da Nicarágua (CHOMSKY, 2009, p. 174). As intervenções tinham ainda como objetivos o Haiti e a Guatemala.

 

 

A Nicarágua foi alvo dos EUA no amanhecer do século XX (CHOMSKY, 1998, p. 82), informa também sobre a ocupação no país centro-americano que ocorreu durante todo o século XX: e que os EUA, baseando-se em tratados, arrogam-se o direito de construírem um canal no Panamá, com o fim lógico de impedir qualquer concorrente na região. Mas um tratado como esse, assinado no momento de ocupação militar do país, não pode ter valor, ainda mais quando o país que o assinou é o mesmo que levará vantagens. E esse tratado garantia direitos perpétuos aos EUA, nada mais injusto para com toda a população nicaraguense e, sem dúvidas, um abuso comercial e social (CHOMSKY, 1996, p. 63).

 

 

A Guerra Fria foi mote de discussões e de testes para dois grandes Impérios formados durante o século XX, EUA e URSS. A duração desse período é de 1945 até a queda do muro de Berlim, em 1989, vinculada ao colapso das políticas de dominação soviéticas em seus espaços permitidos e acordados com os EUA. Assim, para a URSS, era uma guerra contra os seus satélites e, para os EUA, contra todo o terceiro mundo (CHOMSKY, 2007, p. 45). É importante que esses fatos fiquem claros e as intenções desses impérios também. A clareza se faz importante ainda por que, tanto no caso dos EUA, quanto da URSS, a Guerra Fria serviu para consolidar e manter seus sistemas de privilégios e coerção no âmbito, especialmente, nacional (IDEM, p. 49).

 

 

A população em cada um desses estados aceitava as imposições em virtude das coações, que consistiam em usar a imagem de um inimigo maléfico: por meio da mídia, um dizia que o inimigo maléfico era o outro, justificando assim os gastos com armamentos e os investimentos em guerras contra todos, especialmente os mais fracos no âmbito militar (IDEM, p. 51).

 

 

Para o autor, esta guerra fria, que na verdade foi muito quente, persistiu enquanto teve utilidade funcional para os administradores de ambas as partes (IDEM, p. 45) e também enquanto foi muito atraente política e economicamente para ambos os Impérios do medo do século XX (CHOMSKY, 2003-b, p. 46). O caso da Nicarágua se encaixa no terceiro mundo, ou seja, área de intensificação, utilidade funcional e atração econômica da guerra por parte dos EUA.

 

 

O que mais nos comove é que no período da maior ditadura terrorista da Nicarágua, a de Anastácio Somoza Debayle, houve um terremoto que devastou o país, em 1972. Na ocasião, o governo dos EUA enviou substancial ajuda humanitária. Entretanto, em 1988, sob o governo sandinista, houve outro desastre natural, um vulcão que também abalou o país, e, nem um dinheiro foi endereçado para esse país vindo dos EUA (CHOMSKY, 1993, p. 211). Isso por que o medo dos EUA é que talvez esse mísero centavo fosse parar nas mãos dos sandinistas que fariam usos errados desse dinheiro, ou seja, investir em melhorias das condições sociais da população de modo geral.

 

 

É curioso que, enquanto durou na Nicarágua a ditadura tirânica de Somoza (CHOMSKY, 2005-a, p. 44-5), promovida, mantida e abastecida pelos EUA, leia-se governo de Jimmy Carter. O autor acentua que durante esse governo houve a tentativa frustrada de manter o poder em mãos de alguém que fosse “aliado” aos interesses anglo-saxões, com uma mediação, mas para insatisfação estadunidense foi tarde demais, os sandinistas conseguiram derrubar Somoza e sua Guarda Nacional (CHOMSKY, 2007-b, p. 34; CHOMSKY, 1998, p. 52), não houve problemas, nem muito menos qualquer tipo de preocupações por parte do governo do país da América do Norte com a vida dos milhares de mortos entre os nicaraguenses (CHOMSKY, 1996-a, p. 257).

 

 

A Guarda Nacional representava um estilo de proteção dos interesses estadunidenses preferido de longa data. Era um exército digno, segundo a avaliação dos anglo-saxões. Um exército que funcionaria no momento em que a polícia e os militares não podem mais serem controlados na Nicarágua. Esse funcionamento seria, evidentemente, em nome de se garantir um regime político mais submisso aos desígnios dos EUA (CHOMSKY; 2003-b, p. 72). Tinha como função, nesse período pré- revolução dos sandinistas, manter todos calados, mesmo que fosse à custa de muitas mortes em beneficio dos interesses dos grandes empresários do “país irmão poderoso do norte”. Essa guarda especial, lembra Chomsky, sempre foi brutal e sádica (IDEM, p. 44), responsável, inclusive, por atrocidades contra os sandinistas até 1979, responsável pelas mortes de dezenas de milhares de pessoas e destruído aldeias inteiras por serem apenas suspeitas de darem guarida aos guerrilheiros sandinistas. Ainda existem as recordações dos moradores destas aldeias de que houve também bombardeios aéreos, torturas terríveis e execuções sumárias (CHOMSKY; 2007-b, p. 207).

 

 

Para completar o mal-estar causado pelos representantes dos estadunidenses na Nicarágua, o próprio embaixador dos EUA no período, por incrível que pareça, ainda falou a favor de tais atrocidades contra a população nicaraguense cometidas pela Guarda Nacional, mesmo depois da queda de Somoza. Alguns ainda acreditavam que, na Nicarágua, haveria um somozismo sem Somoza (CHOMSKY, 1996-b, p. 52-3). Mas, de toda forma, a Guarda Nacional e a ditadura de Somoza, apoiada pelos EUA, foram derrubadas. O fato era, então, saber como manter um sonho: o sonho de tentar dar um rumo diverso para o que vinha ocorrendo na Nicarágua, sob o signo dos rebeldes sandinistas. Uma alternativa que promoveu uma nova vitalidade e a esperança entre o povo nicaraguense (CHOMSKY, 2004, p. 15).

 

2 – Por que as garras do Império recaíram sobre a Nicarágua?

Devia-se perguntar, na verdade, por que os EUA foram tão longe nas atrocidades, imposições e controles, na Nicarágua. Esses atos se devem em parte às conquistas dos sandinistas no período posterior à tomada de poder em 1979. Os ditos rebeldes sandinistas conseguiram em pouco tempo melhorar as condições de vida do povo, estimular sua participação efetiva nos processos de desenvolvimento, buscaram também resolver as injustiças da posse da terra e ainda estender os serviços agrícolas, médicos, hospitalares e educacionais a todas as famílias camponesas (CHOMSKY, 1996-b, p. 54). Ou seja, os sandinistas melhoraram as condições de vida de todos os moradores mais necessitados do país.

 

 

Eles ainda desenvolveram programas educacionais que incrementavam enormemente a alfabetização. Tinham também programas de saúde que visavam à redução da mortalidade infantil e tinham como perspectiva o aumento da longevidade de seus compatriotas. Ganharam prêmio por seus programas de saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) pelos êxitos nesse campo. Também foram muito bem-sucedidos no programa de Reforma Agrária, que funcionou (CHOMSKY, 1998, p. 77). Assim, eles, os sandinistas, estariam roubando as matérias-primas que são, para os EUA, suas posses na Nicarágua e distribuindo aos seus pobres e necessitados (IDEM, p. 78). Um exemplo a ser banido e completamente indesejável no quintal de casa. Como é visto pelos EUA a América Central.

 

 

Para completar, no início dos anos 80, o Banco Mundial considerou alguns setores da Nicarágua extraordinariamente bem sucedidos. Aliás, mais do que em qualquer parte do mundo. E o Banco Interamericano de Desenvolvimento concluiu que a Nicarágua tinha tido notáveis avanços no setor social e estava lançando as bases para um desenvolvimento socioeconômico em longo prazo (CHOMSKY, 1996-b, p. 54; CHOMSKY, 2005-a, p. 46). Isso tudo estabelece um conflito com os interesses dos EUA na região e no mundo, porque esses não querem o melhor para os pobres dos outros países, pois isso pode gerar convulsões sociais onde não existam tais benefícios.

 

 

O autor acrescenta que, pela primeira vez, a Nicarágua tinha um governo que se interessava pelo povo. Os sandinistas procuraram dirigir os recursos agrícolas aos pobres. E foram bem sucedidos nessa tentativa. Algo, como sugere Chomsky, maravilhoso de se observar. Isso provocava ódio nos estrategistas dos governos dos EUA, como George Shultze e Alan Cranston (CHOMSKY, 2005-a, p. 47/55). Quando um país começa a destinar seus próprios recursos à sua população deve ser destruído pelos EUA (CHOMSKY, 1998, p. 95), segundo a ideologia da “águia” ou do império nazista, como denomina Chomsky. Ainda mais se esse país já estava sob a esfera de interferência dos EUA. Como era o caso da Nicarágua.

 

 

Existe, nos EUA, uma ideia de que os países fora do domínio político podem, de alguma forma, ser exemplos a não ser seguidos por outros, por fazerem o que não devem ser feito. Melhorias para os mais pobres dentro de suas próprias fronteiras nacionais. E a Nicarágua seria um desses para os países da América Central onde, evidentemente, há certa “pax romana” imperial, ou seja, onde os desejos, imposições e decisões dos EUA eram mantidas, até a revolução sandinista. Ou ainda serviria de exemplo para outros países do mundo, o que não pode de forma alguma ocorrer. E seria um abuso frente aos interesses do Império. Os argutos pensadores estadunidenses chamam isso de efeito dominó (CHOMSKY, 2009, p. 138). Esse efeito é preciso deter, eles estão dispostos a fazer isso com as garras da águia, representados pelos soldados, imposições, controle econômico, político e social, sabotagens, entre outros meios.

 

 

Para solucionar esses “mal-entendidos” sociopolíticos e econômicos gerados pelos sandinistas no poder na Nicarágua, foi preciso tomar uma postura radical. Assim, o presidente “eleito democraticamente” nos EUA, Ronald Reagan, em 1981, tomou as devidas providências para garantir os interesses dos seus financiadores. Ou seja, iniciou uma luta armada sem precedentes contra um país completamente indefeso, e sem justificativas plausíveis, apesar de que não acreditamos em nenhum motivo para se realizar uma guerra. Partia-se de uma ofensiva ideológica que inventava um monstro imaginário: a possibilidade da invasão dos EUA pela Nicarágua, e depois se realizou uma campanha propagandística na mídia vendida para “esmagar” esse país (CHOMSKY, 2003-c, p. 39). Dizia-se que a Nicarágua, com suas hordas de terroristas e subversivos, chegaria ao Texas/EUA em cerca de dois dias de estrada (CHOMSKY, 2005-b, p. 95) visando a invasão do território dos EUA.

 

 

Reagan chamou de estado de emergência nacional (CHOMSKY, 2002-a, p. 46) ao reagir frente à Nicarágua. Esse pequeno país passou a ser considerado ameaça extraordinária à segurança dos EUA. Pois, segundo Chomsky, são os pequenos países que representam as maiores ameaças para a política exterior dos EUA. Já para a questão da ameaça a segurança nacional, é algo ridículo de se discutir em se tratando de Nicarágua invadir os EUA. Isso por que, como está previsto dentro dos interesses dos EUA, as matérias-primas contidas nesses países pequenos e indefesos devem sem dúvidas pertencer aos interesses dos EUA. Especialmente as matérias-primas da América Latina (CHOMSKY; 1998, p. 75-6). Assim, quanto menor é o país e maior é sua vitória na adversidade, maior será a expressão que assume o resultado. Esse exemplo, para os outros países, tem que ser escondido, esquecido e não divulgado nos anais da História Mundial, muito menos pelos interesses dos EUA que, logicamente, vão de encontro com essa vitória na adversidade, (IDEM, p. 77).

 

 

Com as desculpas de que a Nicarágua se envolveria com a compra de armas dos Russos (CHOMSKY, 1998, p. 72) e com o terrorismo internacional (CHOMSKY, 2007-b, p. 76), os EUA também clamavam a toda sua população para entender os objetivos dos futuros ataques. Mas sem saberem que os nicaraguenses foram levados a procurar o outro lado do mundo, ou seja, a URSS, graças às políticas externas dos EUA que lhes impunha o embargo de alimentos, remédios e armas de seus aliados para a Nicarágua. Ficando sem comida, sem remédios e sem armas para se proteger o que sobrou foi procurar aliados fora do espectro local. Isso justificava a invasão do país centro americano pelo império nazista dos EUA.

 

 

Outro motivo para a invasão, dada por Reagan era que os líbios gostariam de ter a Nicarágua como seu posto avançado de venda de armas, interpreta Chomsky (MITCHELL & SCHOEFFEL; 2005, p. 119). Algo que está totalmente fora de lugar na História. Nunca ocorreu. Mas evidentemente serve de argumento para a população e especialmente para se conseguir recursos maiores no congresso dos EUA, recursos em abundância, aliás, porque são recursos públicos.

 

3 – As garras da Águia: impedindo o “mau exemplo” de se reproduzir.

 

 

 

Neste subitem do artigo procuraremos mostrar que há todo um discurso governamental dos EUA abordando questões que são controversas para os interesses imperiais estadunidenses. Interesses que vão além da justiça, da liberdade de escolha, dos direitos humanos e ou da soberania nacional de cada país pelo mundo (Cuba, Irã, Afeganistão, Guatemala, Indonésia, Venezuela, etc.) e em especial, claro, da Nicarágua (CHOMSKY, 2003-b, p. 28).

 

 

Para Chomsky existe também um discurso dos seguidos governos dos EUA durante os anos 60, 70 e 80, (e até os dias de hoje, claro), de que é preciso colocar ordem nos desordeiros. Aqueles que não cumprem os devidos papéis que lhes são designados. Ou seja, países que resolveram caminhar com suas próprias “pernas”, ter liberdade e promover a mudança e a justiça social, como é o caso, dentre outros, da Nicarágua dos anos 80 (IDEM, p. 48).

 

 

Os dados utilizados, por esse mesmo autor, demonstram que se podiam controlar os militares dos países ditos aliados e que se não fosse possível tal controle, as garras afiadas da águia entraram em ação, derrubar-se-iam os governos a qualquer custo. Mesmo que causassem a morte de muitos, deslocamentos humanos desnecessários, feridos aos milhões (CHOMSKY, HERNAN; 1973, p. 125-51), etc. Realizar-se-iam então pós-queda do regime a reconstrução de exército digno, ou seja, submisso aos interesses dos EUA (CHOMSKY, 2003-b, p. 72).

 

 

Assim, em nome de impedir o aparecimento de um mau exemplo no seu quintal, como seria o caso da Nicarágua, era preciso impedir. Isso se deu por meio de esforços “extraordinários” para os EUA, como devastar todo o país, com terrorismo social e econômico, recusa de oferecer ajuda para casos de catástrofes naturais, algo que era feito em outros momentos, quando existia um governo nicaraguense mais submisso aos interesses imperiais da Águia (IDEM, p. 79). Ou seja, direitos humanos somente quando os humanos daquele local fossem nossos aliados, submetidos, submissos, dependentes e (ou) nossos párias.

 

 

Lembrando sempre que pessoas sem importância existem, segundo as dissipações da imprensa estadunidense, que são “entregues” aos interesses dos mega empresários e suas corporações. Esses que atuam intensamente para que todos os recantos do mundo se tornem consumidores de seus produtos, mesmo que não sejam úteis e nem lhes sirvam para nada onde moram. Dessa forma, lembra Chomsky (IDEM, p. 97), imagens de corpos torturados, mutilados e bebês morrendo em vários locais do mundo, por força de tais interesses financeiros, são dissimulados pela imprensa como sendo de pessoas sem importância para o sistema. Algo que, completamente somos contra. A mídia deveria mostrar a realidade. Deveria apresentar e discutir com profundidade teórica e técnica os fatos, não esconder, dissimular, disfarçar e proteger com essas ações alguns poucos dentro do sistema mundo.

 

 

Infelizmente para o governo dos EUA o governo sandinista rebelde dos anos 80 da Nicarágua cometeu fortes heresias ao possibilitar melhores condições de vida para uma parcela maior da população. Por exemplo, usando os próprios recursos naturais em beneficio dos habitantes locais. Ou ainda, patrocinando um tipo de desenvolvimento independente dos EUA (CHOMSKY, 1998, p. 79). E por ter cometido tais heresias deveria pagar. As garras foram mostradas, nesse caso, com os embargos econômicos. Esse tipo de ação foi feito simplesmente para que ocorresse a dissidência interna e gerasse a desconfiança e a luta entre os próprios nicaraguenses. Forçando, pós-embargo, que os sandinistas corressem para pedir apoio aos russos. Como já fora lembrado no subitem anterior. Tal atitude dos próprios habitantes do país justificaria a busca para derrubar o regime revolucionário sandinista da Nicarágua. Afinal, as benesses sociais conquistadas pelas pessoas mais pobres não podem servir de exemplo para outros países pobres no mundo. Eles têm que ser destruídos. Eram a laranja podre do período.

 

 

Na entrevista que Chomsky concede a Heinz Dieterich, fala sobre as questões envolvendo os EUA e a América Latina como um todo. Cita em pormenores alguns dos países de nostra América, como apontado acima em um dos trechos do interview, comenta sobre a Nicarágua, alvo de nossas interferências nesse artigo. Em outro momento desse encontro, Chomsky diz que a História do envolvimento dos EUA com a América Latina tem o objetivo de destruir os movimentos populares. Esse envolvimento não tem a menor preocupação humanitária. Deveria sim reprimir qualquer intenção de independência, como foi feito. E tendo por objetivos inequívocos implantar ditaduras brutais e repressivas, que são suscetíveis de se lidar, pois são com essas que mantêm a região sob controle (IDEM, p. 81).

 

 

Ainda nessa mesma entrevista Chomsky recorda da própria História da construção da política e da suposta democracia nos EUA. Salienta que entre o final do século XVIII e início do XIX as discussões levaram ao que foi, finalmente, formulado pelo presidente do Congresso Constituinte à época, em meio as reflexões se os EUA seriam uma democracia e (ou) teriam outro regime político. Esse presidente do congresso formulou a seguinte perspectiva social de que o país deveria ser governado pelos seus proprietários (IDEM, p. 95), ou seja, quem tem posses é que deve governar, segundo seus interesses, a política interna e externa do país. E infelizmente é o que tem ocorrido desde então com a maior potência militar da História da Humanidade.

 

 

Os EUA, desde então, têm agido em defesa dos seus interesses privados e dos proprietários de mega corporações pelo mundo. Matando, espoliando, controlando, impondo, retaliando, desobedecendo, impondo, etc., seus desejos, ditos democráticos, de justiça, de liberdade e de soberania, entre outros, pelo mundo. Desse modo, claramente, é instituído pelos governos sucessivos dos EUA a seguinte aferição: permita-nos que “roubemos”, tomemos posse, de tudo de vocês sempre que quisermos e (ou) desejarmos que nos interesse.

 

 

Já em entrevista concedida a David Barsamian, publicada no livro: Segredos e mentiras, Chomsky lembra o que ocorreu pós-embargos dos EUA sobre a Nicarágua. Trata da questão dos índios, em especial, que a imposição do embargo econômico foi responsável por uma enorme mortandade deles (CHOMSKY, 1999-b, p. 104). Sem a publicação de nenhuma palavra nos jornais dos EUA, ao contrário do que ocorria durante a década de 80 quando atacavam o perigoso inimigo, a Nicarágua. Como dizia Reagan a dois dias de marcha do Texas (Chomsky, ROY, AMIN; 2003-a, p. 29), loucura total, algo impensável. Quando o exército nicaraguense teria condições de entrar nos EUA, passando pelo México? Até o presidente mexicano, à época, deu risada de tamanha insanidade discursiva de oratória e de retórica de Ronald Reagan.

 

 

Infelizmente, a Nicarágua, graças a essas ações dos EUA, transformou-se num centro importante para os transbordos de drogas. Com epidemias de uso de narcóticos por vasta parte da população. Incentiva-se o uso de cocaína entre os índios para se trabalhar mais, visto que caíram em dependência econômica demasiada. Mas como ninguém mais se importa com esses índios, que teriam ajudado a derrubar o regime sandinista, agora não têm nenhum valor. Não importam as condições de trabalho em que estão submetidos. Caso morram são trocados imediatamente. Algo natural dentro do chamado “livre mercado” (CHOMSKY, 1999-b, p. 105).

 

 

Em seu livro “Poder e Terrorismo”, outra publicação baseada em entrevistas, Chomsky aponta que os mesmos “astros” que atuavam na década de 80 durante todas as atrocidades cometidas pelos EUA pelo mundo, ainda atuam. Como é o caso de John Negroponte. Ele era embaixador em Honduras nos anos 80. Lá era a base de operações terroristas dos EUA contra a Nicarágua. E até 2003, no mínimo, Negroponte era com certeza o responsável pela Guerra contra o terrorismo nomeado pela ONU como embaixador para conduzir essa ação internacional. O autor reflete que se são as mesmas pessoas, as mesmas instituições e, as mesmas políticas, logo os resultados serão os mesmos (CHOMSKY, 2005-c, p. 74). As garras da Águia continuam a ser sentidas por todas as partes da Terra, como: no Irã, no Afeganistão, na Síria, na Coréia do Norte, na Líbia, em Cuba ainda, por incrível que isso possa parecer, mesmo depois de anos de embargo e boicotes de todas as ordens contra esse país. Com embargos, guerras de conquista, imposições, vendas de armas, e outras medidas contra a soberania desses países e de outros tantos.

 

 

Chomsky dedica parte de sua produção e analises reflexivas ao que é publicado pela grande mídia dos EUA. Essas análises frequentemente aparecem em seus comentários sobre os países da América Latina. E numa dessas, trata da política externa estadunidense desde a II Guerra Mundial. Ali aborda a questão da Nicarágua. Lembra que houve ataques a alvos indefesos feitos pelos contras, grupos organizados e armados pelos EUA dentro das fronteiras nicaraguenses. E salienta que os jornais estadunidenses apresentavam esses fatos como naturais para que os sandinistas desviassem seus escassos recursos, que eram aplicados a políticas sociais, para a guerra contra os protegidos dos EUA (CHOMSKY, 2005-a, p. 48). Isso faria com a que população, segundo os teóricos do governo imperial, ficasse contra os sandinistas nas eleições nacionais. Mas qual foi a surpresa, os sandinistas, mesmo com toda as dificuldades impostas pelo império nazista dos EUA, receberam 40 por cento dos votos. Uma vitória dos revolucionários contra o regime imperial (IDEM, p. 50).

 

 

Em outra das suas publicações sobre a mídia, relata que nos EUA, a Nicarágua era vista pela mídia vendida ao sistema, como um monstro. Aponta que isso é uma ofensiva claramente ideológica inventando uma monstruosidade para o imaginário popular para depois poder destruí-lo (CHOMSKY, 2003-c, p. 39). Mesmo procedimento com diversos outros países ainda hoje pelo mundo, vide: Coréia do Norte, Afeganistão, Iraque, etc.

 

4 – Quem é que vai pagar por isso?

Os ataques sistemáticos promovidos pelos EUA durante os anos de 80 na Nicarágua levaram à morte dezenas de milhares de pessoas, além de ter promovido também o desabrigar de outras tantas pessoas e, por final, ter contribuído para a destruição do país (CHOMSKY, 2005-c, p. 2). Lembremos, ainda, que essa situação de atacado colocou o país em uma situação que dificilmente conseguirá retornar, ou seja, nunca mais será como fora na época dos sandinistas.

 

 

Para derrubar a política sandinista que estava agradando aos nicaraguenses, foi preciso criar todo tipo de ameaças, cortes, investimentos em armas e em terroristas de Estado, com a ajuda dos chamados de os Contras, e, por último, apontar a “arma” na cabeça da população na hora do voto. Ou seja, ameaçar de que, caso não votassem no candidato dos EUA, os embargos econômicos, políticos, sociais e militares continuariam. Assim, em nome de não passar fome e nem de sofrer com a falta generalizada de remédios e outros bens, a população votou democrática e “livremente” nos candidatos dos EUA (CHOMSKY, 1996-a, p. 242; MITCHELL & SCHOEFFEL; 2005, p. 150).

 

 

Na Nicarágua o resultado não poderia ter sido pior (CHOMSKY, 1999, p. 106). O desastre econômico que se seguiu ao fim do período dos sandinistas promoveu a criação de uma minoria privilegiada em detrimento de todos os outros voltarem a viver em péssimas condições, como na época de Somoza. Período em que as garras da águia não precisavam se mostrar e nem serem usadas.

 

 

Infelizmente, depois da destruição do projeto social, cultural e econômico dos sandinistas na Nicarágua, esse país se encontra entre os mais pobres do hemisfério, ficando antes apenas do Haiti. Nessas condições, grande parte da população se vê obrigada a tentar outros mecanismos de luta pela vida. Alguns se entregam para os piores abusos do sistema ou para os grandes empregadores de pobres, ou seja, o narcotráfico. É assim que a Nicarágua tem em suas cidades grandes, como Manágua, um corredor para a transferência da cocaína para os Estados Unidos. O consumo de drogas aumentou significativamente pós-governo queda do sandinista. Reflexos sem dúvidas das políticas aplicadas na Nicarágua posteriores à implantação de governos pró-EUA (CHOMSKY, 1993, p. 126).

 

5 – Exemplos a serem seguidos por todos (considerações finais)

 

 

Noam Chomsky, quando de sua estada no Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em 2003 indicou que, para enfrentarmos o Império e suas garras afiadas da Águia, é preciso ter vontade, aliás, muita vontade de fazer um mundo diferente. Um mundo que não seja baseado na violência e nem na submissão, muito menos no ódio e no medo (CHOMSKY, 2003-a, p. 9). Acreditamos que um mundo onde caibam vários mundos seja a saída, conforme almejam os Zapatistas (EZLN – Exército Zapatista de Libertação Nacional. É um movimento de luta por um mundo melhor, mais digno e livre das amarras dos impérios capitalistas), do sudoeste do México (JUSTAMAND & MENDES; 2012, p. 131). Esse mundo onde caibam vários mundos é onde todos teriam direito à espaço, voz e vez. É onde caminharíamos juntos e misturados todos os grupos humanos do mundo. Todos tendo direito a suas formas de alteridade cultural e social. E também suas reivindicações justas (IDEM; 2007, p. 14).

 

 

A Nicarágua, sempre em busca dos meios pacíficos e internacionais para a resolução de suas problemáticas com os EUA, é um exemplo de luta contra o império (CHOMSKY, 1996-a, p. 275) e também de espaço para uma vida digna, íntegra e com esperança. O autor afirma frequentemente que apenas a pressão popular pode fazer a diferença. Somente ela pode fazer frear as intenções e as intervenções militares dos EUA pelo mundo (CHOMSKY, 1993, p. 53). Propõe também estimular as pessoas de todos os locais do mundo, já se foi conquistado muito com isso. Fala também em formas de resistência interna contra os ataques dos EUA ou movimentos de solidariedade. E, sempre que possível, tentar conscientizar um grupo contra o racismo, seja de que tipo for: contra índios, negros, de gênero, religioso, étnico, social, cultural, geográfico (CHOMSKY, 1998, p. 130). Somente a luta de todos em tempo integral poderá ajudar a mudar essa situação (JUSTAMAND; 2010, p. 58).

 

 

 

Bibliografia

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CHOMSKY, N. Ano 501. A conquista continua. Tradução de Maria Cristina Guimarães. São Paulo: Scritta Editorial, 1993.

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JUSTAMAND, Michel e MENDES, Lilian Marta Grisolio. História e representações: cultura, política e gênero. Rio de Janeiro: Achiamé, 2012.

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MITCHELL, P. R.; SCHOEFFEL, J. Para entender o poder. O melhor de Noam Chomsky.

 

NOTAS

 

*Michel Justamand

Possui Graduação em Pedagogia pela Universidade Nove de Julho (2003); Graduado em História, Licenciado e Bacharelado (1999), Habilitado em Filosofia (2001) e em Sociologia (2002), Mestrado em Comunicação e Semiótica (2002), Doutorado em Antropologia (2007) e é Pós-Doutor em História Social da Cidade pela PUC-SP. Docente da UFAM – Universidade Federal do Amazonas, unidade de Benjamin Constant. Atualmente é professor de dedicação exclusiva no Curso de Antropologia. Colaborador no Programa de Estudos Amazônicos na UNAL – Universidade Nacional da Colômbia. Pesquisador do Grupo Arqueologia da Repressão e da Resistência da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas.

[Tiene Graduación en Pedagogía por la Universidad Nove de Julho (2003); Graduado en Historia, Licenciatura (1999), habilitado en Filosofía (2001) y Sociología (2002), Maestro en Comunicación y Semiótica (2002), Doctor en Antropología (2007) y es Post-Doctorado en Historia Social de la Ciudad por PUC-SP. Profesor de UFAM – Universidad Federal de Amazonas, Unidad Benjamin Constant. En la actualidad es profesor de dedicación exclusiva en el curso de Antropología. Colaborador en el Programa de estudios de Amazonas en UNAL – Universidad Nacional de Colombia. Investigador del grupo Arqueología de la Represión y de la Resistencia de UNICAMP – Universidad Estadual de Campinas.]

[He has Graduation in Education from Nove de Julho University  (2003); Graduated in History, Bachelor (1999), enabled in Philosophy (2001) and Sociology (2002), Masters in Communication and Semiotics (2002), PhD in Anthropology (2007) and he is Post-Doctorate in Social History of the City PUC-SP. Professor at UFAM -Federal University of Amazonas, Benjamin Constant unit. He is currently professor of exclusive dedication in Anthropology Course. Contributor of the Amazonian Studies Program in UNAL – National University of Colombia. Researcher of Archaeology Group Repression and Resistance from UNICAMP – University of Campinas.]

 

**RESUMEN

Históricamente, los EEUU no suelen perder en las decisiones de los organismos internacionales, tampoco ser condenados por sus infracciones. Sin embargo, específicamente en una disputa con Nicaragua, los estadunidenses perdieron y fueron obligados a pagar indemnización por los daños causados. Noam Chomsky, desde hechos históricos, presenta el caso singular de Nicaragua, que venció los EEUU junto a ONU de manera inédita, como ejemplo contra toda forma de imperialismo nazista. En este artículo, se pretende abordar cuestiones sobre este hecho. Reflexionar sobre algunos antecedentes históricos del caso,  porque en verdad Nicaragua fue perseguida. Buscamos aún mostrar que EEUU intentaron neutralizar el ejemplo sandinista que podría servir para otros países. Nos preocupamos en presentar los posibles pagadores de la intervención imperialista estadunidense en Nicaragua. Y se buscó aún presentar algunos ejemplos dejados por los sandinistas que pueden ser seguidos por otros pueblos y grupos en todo el mundo.

[Historically, the USA is not used to losing in International Organizations Decision-Making processes, neither in being condemned by its infractions. However, specifically in a dispute with Nicaragua, Americans were defeated and forced to pay compensation for caused damages. Noam Chomsky, based on historical facts, presents the unique case of Nicaragua defeating the U.S. at the UN in an unprecedented way, as an example against all kinds of Nazi Imperialism. In this article, questions related to this subject were intended to be addressed, and reflection on some historical background of such cases analyzed, once Nicaragua was actually persecuted afterwards. In addition, this paper tries to show that the USA strived to neutralize the Sandinista model, which could be an example to other countries. We were concerned in presenting the possible payers of the American imperialist intervention in Nicaragua. Yet, we sought to give some examples left by the Sandinista group that can be followed by other peoples and groups all over the world.]

 


Ariadna Tucma Revista Latinoamericana. Nº 9. Marzo 2014 – Febrero 2015. Volumen II

 

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